Skol+ Tsunami = Bleibleide+ Comédia

Aquele domingo fez um sol lindo.

Eu e Ví, praieiras que somos não poderíamos perder a oportunidade de dar uma torradinha e expor a figura à luz solar.

Estávamos em Itaipuaçu, e cedinho partimos pra praia.

Assim que chegamos, notamos algo estranho. O mar estava diferente.

A praia de Itaipuaçu é mar aberto, quem mora no Rio , conhece a fama de lá. É papo de levar baldinho. Se mergulhei 3 vezes naquele mar foi muito, e num dia de calmaria total. Enfim... gato escaldado tem medo de água fria, né?

Ficamos um tempinho tentando entender o ritmo das ondas. Ví frequenta aquela praia desde criancinha e jurou jamais tê-la visto assim. Não era ressaca, as ondas não quebravam forte, mas, vinham bem perto da faixa de areia.

Decidimos ficar longe do mar, por via das dúvidas.

Como dizia minha avó, porco se cheira e se reconhece, e uns 10 minutos depois nos olhamos sorrindo. As duas queriam beber. Nada demais, afinal, a praia fica há 1 quarteirão da casa da Ví, não existia a lei seca, e estávamos de folga. Certo??? Hehehehe.

Iniciamos uma verdadeira peregrinação ao quiosque da cerva. Ìamos juntas pra trazer as garrafas. Começamos com 2. Na segunda ida, decidímos pegar 4.

A coisa foi crescendo em Progressão Geométrica. Conseguimos um isopor. A ida até o quiosque aumentava nossa sede.

Atrás de nós , tinha uma família peculiar. Um casal de coroas e um carinha que parecia ter seus 25 anos. Bemmm exibido, falava alto e sorria pra nós, como se esperasse um sorriso de resposta.

Simpática que sou, mal olhava pra figura.

Ví, a essa altura se divertia com os comentários do vizinho de barraca.

Eu já estava com o grau etílico acentuado, Ví estava bemmm pior...ela é fraquinha à beça na cerva, portanto, uma hora ia dar merda.

Percebi vagamente que as ondas estavam chegando mais perto. Num dado momento, senti a água do mar nos meus pés. Eu estava muito distante da arrebentação, e , mesmo assim, a onda chegou até mim, deitada de costas para o mar, comecei a me preocupar. Mas, nada demais. Aquela preocupação lenta, praticamente baiana. Uma leseira de pensamentos.

Sou LOUCA por praia. Gosto de curtir cada pedacinho. Olhar o mar, sentir a brisa, o cheirinho da praia, tocar a areia. Autista total quando estou no Reino de Netuno. E nesse dia, havia um sirizinho serelepe passeando pelas areias, o que me manteve entretida por algum tempo ( que eu não sei precisar o quanto).

Ainda assim, achei melhor sentar na cadeira e não dar mole. Lembrei do meu pai dizendo que não se dá as costas para o mar.

Quando me dei conta, Ví estava dispensando o churrasquinho oferecido pelo vizinho de barraca, e eu rindo horrores da situação.

Eis que o siri resolve chegar mais perto e eu decido fotografar o coitadinho. Levantei feliz da vida e fui até ele. Seria uma foto perfeita...

Estava agachada fotografando o siri quando escuto um berro:

- Amigaaaaaaaaaa... a onda!!!!!!!

Só deu tempo de ficar de pé e levantar a máquina.

Uma onda enorme veio e arrastou tudo o que havia pela frente.

Até hoje não sei como consegui me manter de pé e não ser arrastada. Quando olhei para o lado, tudo que nos pertencia passava por mim: Cadeira, canga, havaianas. A velocidade era impressionante.

Cena de filme.

Ví, berrava sem parar (hehehehe) e quando olhei pra ela, ela segurava apenas o isopor das cervejas ( que nesse momento deveria ser a coisa mais importante).

Voltei aos poucos do susto, e ví nossos vizinhos de barraca correndo em minha direção para ajudar a resgatar os pertences. Livro, MP3, Bolsa...tudo havia ido literalmente por água abaixo.

Refeita do susto, tive que explicar a Ví que a cadeira havia sido "dragada" pela onda. Ela questionava o motivo pelo qual eu não fui atrás.

Realmente, com skol fica difícil de entender que o biquini , naquele momento, tinha um valor maior pra mim... rs

Até aqui, Ví se mantinha agarrada ao Isopor das cervejas. Acho que foi uma questão de segurança mesmo.

E eu perguntando a ela porque a escolha do Isopor, se nossas bolsas, cangas e cadeiras estavam mais perto. Até hoje ela diz que só dava pra segurar uma coisa, e que ela escolheu o Isopor. Hehehehe

Estávamos ainda em choque.

O casal de coroas nos chamou para perto deles. Estávamos encharcadas e não daria pra entrar no carro daquele jeito.

Subimos para a calçada carregando alguns poucos pertences que sobraram, e numa cena clássica de farofeiras, esticamos as roupas no guarda sol para secar.

Nosso vizinho aparício, PEDRINHO, se aproximou.

Começou puxar assunto ( o que na verdade ele queria era isso) e a partir daí, até hoje, incluímos em nossos vocabulários as pérolas ouvidas naquele dia.

Pedrinho nos contou que é empresário do ramo do entreterimento (?????), que estava alí para relaxar, afinal sua vida é muito corrida. E que naqueles dias , ele acordava cedão, as 9:00 da manhã. Até aqui eu estava calada. Mas, não consegui mais. Olhei pra cara da Ví e sarcasticamente perguntei:

- As 9?? Cedão??? Realmente... e por que você está acordando tão cedo assim?

A pérola segue...

- Ué... pra encher o freezer de cerveja. Meu tio tem um bar ( Os coroas eram tios dele) , e eu cuido da parte de abastecimento. Logística e tal.

Logística?? Sei... e eu achava que logística era uma coisa mais séria.Tudo bem. Ainda bem que minha ignorância havia sido aplacada aqui.

Pedrinho tinha uma forma engraçada de sorrir com a língua toda pra fora da boca. Na segunda vez, eu e Ví já estávamos rindo como ele... e depois, ríamos mesmo, sem parar das graças que ele fazia.

Cada zoada que eu dava , ele batia palmas com a mão e dizia em bom som:

- Muito BOM!!!! Muito BOM!!!

Pedrinho gostou de nós. Ficou íntimo e decidiu nos contar a vida dele. Disse que após trabalhar no ramo de entreterimento e ficar RICO ( ????) , decidiu largar tudo (????) e partir para o interior de SP. A grana havia subido a cabeça. O sucesso também. Entre seus amigos havia uma lista extensa de EX- BBBs , Jogadores de Futebol, Funkeiros e Pagodeiros. Ele não queria mais isso. Estava farto. Decidiu viver na simplicidade do interior.

Nos disse que sua vida era como a de Jesus Cristo. Aqui foi difícil de aturar.

Falei que gostava da modéstia e simplicidade dele. Afinal, Jesus Cristo foi apenas o filho de Deus. Coisa pouca, né?? O cara foi Julgado, massacrado, morreu por nós...enfm... todo mundo sabe bem de quem eu estou falando.

Ele me disse que havia virado evangélico.

Surpresa!!!

Perguntei de cara qual a igreja, afinal, nessas renovações, deve realmente existir uma que tenha entre seus fiés, um cara que bebe e fuma sem parar. Ele não se lembrava ao certo . Disse que isso não tinha importância. Hehehehe

A conversa seguiu nesse ritmo. Eu zoava o tempo todo, e ele não percebia. Ví não parava de rir um minuto. Sua gargalhada ecoava, e já seguia de palmas e um Muito BOM associado.

Aqui, um detalhe: Ví é bem marrentinha e tem uma frase conhecida entre nós que é a " Fala mas não me encosta". Toda vez que conto algo e cutuco ela, ela reclama. Pedrinho tinha o hábito de dar um " tapinha" nas costas dela , cada vez que saia com uma pérola. Me vinguei por 3 encarnações. Hehehe.

A hora passou rápido, e após recusarmos pela enésima vez o churrasquinho, decidimos partir. Estávamos secas e nossas roupas também. Cariocas e no brilho, combinamos de passar na casa/bar de Pedrinho à noite.

Entramos no carro repetindo as frases de efeito de Pedrinho. Pra fixar na memória. Até hoje, quando a gente quer rir muito, a frase -chave é : Pedrinho amiga!!!