Terror no Restaurante

Era uma segunda-feira normal.

Um dia tranquilo e sem maiores novidades havia passado.

À noite, decidi que valia a pena beber uma cervejinha gelada e comer uma batatinha frita.

Convidei meu irmão e Ví, que estava de férias e passava uns dias aqui em casa.

Como a cidade que eu moro não é famosa por seus barzinhos, decidimos beber em um dos restaurantes que frequentamos por aqui. Uma Cantina Italiana, que têm comidinhas maravilhosas havia sido eleita para o Happy Hour.

Seguimos serelepes e saltitantes para o local, animados pelo desejo súbido de beber numa segunda, véspera de Plantão.

Chegamos, escolhemos uma mesa ( o restaurante estava vazio) , cumprimentamos o gerente ( que já nos conhece de longa data)e pedimos nossa cervejinha.

Brindamos e iniciamos um papo tranquilo , cheio de risadas.

Ví se sentou ao lado do meu irmão, e eu, a frente dele, encostadinha na parede e de frente para a entrada.

Na mesma parede, existem algumas janelas de madeira, que estavam entre abertas em função do frio que faz por aqui o ano todo.

Adoro frequentar lugares que me sinto em casa, e esse é um deles.

Uns 15 minutos depois, antes da batatinha chegar, eu estava olhando para os dois ( que provavelmente estavam me zoando), quando ví um vulto passar pela janela. Fiz uma cara clássica de pânico, e os dois resolveram olhar pra trás, achando que se tratava de mais uma de minhas brincadeiras.

Nesse momento, pudemos ver, juntos, uma cena das piores que já ví. Uma ratazana bem grande, pulando a Janela e caíndo em cima da mesa que estava atrás deles. Ao cair, derrubou com ela , os talheres que estavam na mesa, fazendo um grande barulho .

Ví, começou a berrar de desespero e gritava :

- Passando mallll.... ( Brincadeirinha... nesse dia o passando mal ainda não havia ocorrido....rs)

Ela colocou as mãos no ouvido e berrava:

- Me tira daquiiiiiiiiiiiiii...pelo amor de Deus!!!!!!!!! Um rato enormeeeeeee.... Me tiraaaaa daquiiii.

Juntas, tivemos a brilhante idéia de levantarmos os pés. E foi quando nossos pés se bateram , aumentando ainda mais a sensação de desespero, afinal, tivemos certeza de que , o pé da outra era nossa visitante roedora.

Eu, que particularmente incluo o rato no Top 3 dos animais medonhos e pavorosos, desci do salto agulha pra berrar:

- O rato passou no meu péeee... Ahhhhhh.... Aiiiiiiiiiiiiiii e outros sons indescritíveis.

Vi, se deu conta do que havia acontecido e , docemente me disse:

- Animal...foi meu pé que bateu em você.

Nesse momento, movidos à , na minha opinião , uma força extra-terrestre, eles levantaram juntos da mesa.

Ví, berrava sem parar e meu irmão, homem, forte e destemido, foi passando pelas mesas, no afã de achar o roedor.

Eu, que possuo o medo paralisante, em nenhum momento ousei pensar em sair do lugar.

Estava presa a cadeira,em estado de choque, imóvel e meu organismo não obedecia nem ao menos ao comando de piscar, quiçá, movimentar qualquer músculo.

Meu irmão foi conversar com o gerente, que muito sem graça , pedia mil desculpas e acreditou que aquela seria nossa última visita, fez questão de mostrar todos os contratos de dedetização que havia feito no estabelecimento, uma inclusive naquele mesmo dia.

Ví, após correr pelo restaurante gritanto sem parar que ali havia um rato, conseguiu chegar até a porta, e praticamente se jogou na calçada, como um goleiro que luta pelo seu time.

Pálida, sem conseguir organizar as palavras, disse para um rapaz que se aproximava dela:

- Você... Rato... Caiu... Restaurante...O rapaz rindo sem parar disse:

- Eu estava aqui fora só esperando alguém sair correndo e gritando de dentro do restaurante.

Eu ví tudo. A ratazana atravessou a rua igual um foguete, subiu a parede do restaurante e pulou a Janela. Eu sabia que a qualquer momento alguém iria sair gritanto.

Ví, ainda sem ação não conseguiu responder, mas, depois do olhar que lançou ao rapaz, ele saiu sem sorrir.

Fiquei sentada na mesma cadeira mais ou menos por uns 15 minutos sem conseguir me mover.

O Gerente ofereceu uma outra mesa, bem proxima a porta... rs

Perdi o tesão de beber a cervejinha e pedi uma coca zero.

Ví queria ir embora de qualquer jeito , mas foi convencida a ficar.

Nesse dia, chegamos bem cedo em casa, ainda sob forte pressão psicológica.

Até hoje, essa historinha frequenta as rodas de papo.

Voltamos lá outras vezes, e , o incidente jamais se repetiu.

Melhor assim...

Adolescente em Fuga

Essa aconteceu há muito tempo atrás.

Eu tinha meus 16 aninhos, estava no segundo grau e fazia parte de uma turma de desocupados, que nos auto intitulávamos " OS PIRATAS " , que o diretor do colégio chamava injustamente de filhinhos -de -papai e dizia que não daríamos pra nada...hehehehe

Bem, na minha adolescencia , meu Pai era bastante chatinho...

Não me deixava sair até as madrugas, dormir fora...essas coisas normais que as meninas da minha idade faziam.

Logo, como eu dizia, eu vou, só não sei como...rs

Um belo dia, resolvi pedir para a minha mãe para dormir na casa da Tatá. A família dela era dona de uma Boate na cidade, e tínhamos passe livre por lá.

Confesso que era uma onda e tanto, menor de idade em Boate, com passe livre para beber e fumar longe dos pais. Como eu disse, era adolescente...rs

Minha mãe, pra variar, disse que não queria saber de nada, e mandou que eu falasse com meu Pai. Aquele ping-pong chatíssimo que todo mundo já presenciou um dia, onde o Pai manda pedir pra Mãe, a Mãe pro Pai e assim vai, até a hora que eles resolvem usar a autoridade ditatorial e nos impedem de ir.

Só que , naquele dia, eu disse a minha Mãe que não iria falar nada com ele. Que ela havia deixado. Que não decidir, já é tomar decisão. Minha Mãe sempre se assustou com meus argumentos...rs

Então, disse a ela que se falasse com ele que dormiria na Tatá e iria pra Boate ele com certeza não deixaria. Logo, eu diria que iria dormir na casa da minha avó (que ficava há 1 rua da casa da Tatá) e pronto.

Claro que minha Mãe achou um absurdo, disse que não compactuaria com isso e tal, mas, não teve jeito...saí de casa carregando minha bolsa de viagem do Flamengo, dando beijinho no Papai e dizendo que estava indo passar o final de semana na casa da Vovó.

Bem, meu Pai e minha Avó não se falavam ( ela era a sogra dele...rs) e, logo, o risco dele descobrir era zero. Hehehehe...Isso era o que eu achava.

Passamos uma das melhores tardes da minha vida...rimos, brincamos, cantamos em cima da cama, escolhemos roupa, enfim...aquela farra.

Na hora de tomar banho, o Preto, primo da Tatá, chega esbaforido na casa dela berrando:

- Luiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... sua mãe no telefone... corre que ela tá gritando!!!!!!!!

Que sensação horrível... achei que algo gravíssimo tivesse acontecido.

O diálogo foi assim:

- Oi Mãeeeeeee.... ( eu estava feliz, lembram???)

- G-a-r-o-t-a irresponsável! Eu DISSE que não era pra você fazer isso... ( entre os dentes, sacam??)

- Credoooo Mãe...q houve???

- Sua avó ligou pra cá pra falar com vc e seu pai atendeu. Ela disse que estava com saudades e pediu que ele lhe desse um recado: Que era pra vc ir visitá-la assim que tivesse um tempinho.

- Sic

- Ouviu??

- Aham.

- E o que vc vai fazer???

- Mãe... F..deu de vez!!!!!! Mas deixa que eu dou o meu jeito. Cadê meu Pai??

- Saiu pra procurar você!!!

- Tá bom, Mãe... Tenho que agir rápido. Beijo.

Saí correndo pra casa da minha avó e ainda arrastei a Tatá comigo. Quando cheguei lá me dei conta que estava com o vestido do lado do avesso. Afinal, eu estava entrando no banho quando o Preto chegou gritando.

Entrei na minha avó com a cara mais lavada do mundo sorrindo. Ela me disse que havia ligado lá pra casa. Fingi que não sabia de nada e disse a ela que iria dormir na casa da minha tia que morava atrás. Fui lá falar com a minha Tia, contei a história toda sem mentir e pedi a ajuda dela. Eu queria ir pra Boate , e não desistiria assim tão fácil. Ela concordou. Hehehe.

Voltei na minha avó e liguei pra casa. Quando meu Pai atendeu eu dei prosseguimento ao meu curso de Teatro.

- Pai?

- Posso saber onde a Senhorita está:?

- Ué:?? Na Casa da Vovó.

- Que ´Vovó??

- Pai, eu só tenho uma avó e vc sabe disso. ( Abusada demais, né? Eu não gostava da mãe dele e dizia que avó eu só tinha uma. Vejam se isso é hora de alfinetar....rs)

- Ah, é? Então desliga o telefone que eu vou ligar pra casa da sua avó e quero ver se você vai atender.

Falando sério..Pai acha que é malandro, né??? Tadinho.

Fiz o que ele mandou e atendi o telefone.

- Casa da Vovó, Boa Noite!

- Ué... ( Meu Pai não entendeu nada...ele jurava que eu estava armando algo)

- Pai, agora eu posso explicar? Cheguei aqui na casa da Vovó e ela havia saído com meu tio. Aí fui pra casa da minha Tia esperar ela voltar. Nesse tempinho ela chegou, ligou praí e aconteceu todo esse mal entendido.

- Tá bom... Chega disso. Vem pra casa agora!

- Ahhh, Paiiii... Eu não posso fazer isso com ela. Ela tá velhinha, eu sei que vcs não se dão bem, mas, poxa... Me proibir de ver minha própria avó já é ser comparado ao Hittler. ( Quem me conhece sabe o quanto eu sou dramática)

- Engraçadinha. Sem drama. Dorme aí que amanhã eu vou buscar você, mocinha.

- Tá bom, Pai. Filhona te ama, tá??? Ahhh, mas vem só depois do almoço. ( Hehehe)

- Juízo, Garota! Se você aprontar alguma eu vou descobrir, hein?

Hahahahaha. Mal sabia ele que aquela altura eu já havia aprontado várias...rs

Tatá não acreditava no que via. Ela me conhecia há tempos, mas, segundo ela, dessa vez eu realmente me superei.

Sai serelepe da casa da minha avó e fomos pra casa da Tatá.

A noite foi ótima. Nos divertimos muito, dançamos, rimos, contamos a história pra todo mundo...enfim. Chegamos na casa da Tatá quase as 6 da manhã. Coloquei o despertador pras 7:30.

Quando tocou, ninguém conseguia levantar, é lógico.

Levantei rapidinho, fiz o favor de acordar a Tatá e o Preto e fomos a padaria juntos.

A equipe não racha, né?? Precisava desse apoio moral.

No meu plano , eu chegaria com o Pão, o Leite e o Cigarro da minha tia, tocaria a campanhinha da casa da minha avó e diria que havia saido pra comprar pão e perdido a chave da minha tia. Foi exatamente isso que eu fiz. E com a ajuda dos meus companheiros " Piratas" , escondi a mala atrás do carro na garagem e toquei a campainha.

O resto foi exatamente da forma como eu havia planejado, e passei o resto do dia acordada, sem poder dormir. Afinal, minha avó estava com saudades.

Passando vexame em Pipa

Esse ano estive em Natal-RN com meu irmão.

Não sei de onde tirei essa brilhante idéia.

Amo meu irmão, mas, somos muito diferentes, brigamos horrores e nem ao menos concordamos na comida a ser escolhida, logo, já sabia que daria Bleibleide. Mas, como sou uma alma boa, mesmo assim, resolvi seguir rumo as dunas.

Estávamos em Pipa, um lugarejozinho delicioso.

Mais precisamente na Praia do Amor.

Uma praia linda, deserta praticamente.

Eu estava largateando no sol, linda , ruiva e de cabelo liso com meu mp3 tocando Baia.

Viajando na paisagem, bebendo litros e litros de água, já que lá faz um calor dos infernos mesmo as 8 da manhã.

Meu irmão, inquieto que só, andava pela praia.

Bichinho carpinteiro é pouco pra ele.

Em 30 min, acho que ele foi de uma ponta a outra da praia filmando tudo umas 2x.

E eu lá... replastelada na espreguiçadeira de 10 reais.

Ele já havia tentado me convencer a ir para outra praia várias vezes, até que eu sem paciência sai com a pérola:

- Querido... quem conhece muitos lugares em poucos dias, não conhece nada. Sossega o rabicó aí um pouquinho pq eu paguei 10 reais nessa merda de espreguiçadeira da ilha de caras e quero curtir um pouquinho minha vida de novela. Ainda são 9 da manhã. Prometo que depois do almoço iremos conhecer outra praia.Mas, agora, por favor me deixa em PAZ PORRA!!!!

Acho que ele entendeu....hehehe... levantou pra pegar água.

Na praia haviam pouquissimas pessoas.

Ao nosso lado, um casal em Lua de Mel, e ao lado deles uma família.

Um rapaz puxou papo comigo e me pediu um cigarro.

Perguntei se ele queria o "IIiiiixxxxqueiro" também. Foi a deixa para um longo papo.

Carioca faz sucesso em qualquer lugar do mundo merrrrmo...e no Nordeste ainda mais.

Logo, descobri que eram de Minas e estávam ali passeando também. O irmão dele era casado e morava em Natal.

O papo foi longo, meu irmão interagiu também contando "causos" do Rio e nos divertimos bastante.

Após horas de papo sob forte sol, eles se foram e deixaram muitas dicas boas, que pudemos confirmar ao voltármos pra Natal.

Bem... voltei a minha paz inicial, ouvindo musiquinha e de olhinhos fechados.

Derrepente, escuto meu irmão falar:

- Ihiiii...caraca... eles esqueceram uma sacola.

Em segundos levantou correndo , pegou a sacola da barraca do lado e saiu correndo.

Eu ainda tentei educadamente chamar a atenção dele...

- Brodinho...BRODINHOOOOOOOOO... NÃOOOOOOOOOOO

A sacola era do casal em Lua de mel.

O cara era um armário. Acho que era Lutador de Vale tudo e o escambau.

Mas, bem sereno... ele viu que meu irmão tinha algum problema mental, por que ninguém sóbrio e em sã consciencia faria uma coisa dessas.

Olhei pro cara, me desculpando, e ele, atordoado morria de rir com sua esposa.

Meu irmão já bemmm longe, cansado, já não corria tanto.

Resolvi arriscar uma última tentativa:

- ANIMALLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Deu certo.

Ele olhou pra trás, e , eu, com cara de pouquíssimos amigos, fiz vários sinais do tipo:

- %$#+*& @ !!!!!!!!!!!! Idiota, quer morrer? A sacola é desse casal aqui seu demente....

E escondi o rosto com as mãos.

A familia também ouviu meu grito e parou para entender o que estava acontecendo.

Provavelmente explicou que aquela sacola não os pertencia.

Ví meu irmão voltando cabisbaixo. Envergonhado. Quase uma avestruz querendo enterrar a cabeça na areia.

Ao se aproximar do casal, escuto a seguinte frase:

- Foi mal, mermão. De boas intençóes o inferno tá cheio, né?

Se fosse no Rio eu tomava um tiro de bobeira. Achei que eles haviam esquecido a sacola aqui...blá, blá, blá e wiskas sachet.

O casal ria sem parar da cena escabrosa que haviam presenciado.

Meu irmão é bem mais moreno que eu, e estava rubro de vergonha.

Ao chegar perto de mim, me olhou com cara de desolado.

Eu ria incontrolavelmente...

Ele se rendeu e começou a rir também.

Depois de crises e crises de risos, ele encerra com a frase:

- Juro que foi a primeira vez que fiquei feliz ao ouvir você gritar ANIMAL pra mim.

Depois dessa, resolvi esquecer que havia pago 10 reais pela espreguiçadeira e seguimos pra outra praia. Claro que, após ele jurar que não faria nada parecido NUNCA MAIS NA VIDA.

Skol+ Tsunami = Bleibleide+ Comédia

Aquele domingo fez um sol lindo.

Eu e Ví, praieiras que somos não poderíamos perder a oportunidade de dar uma torradinha e expor a figura à luz solar.

Estávamos em Itaipuaçu, e cedinho partimos pra praia.

Assim que chegamos, notamos algo estranho. O mar estava diferente.

A praia de Itaipuaçu é mar aberto, quem mora no Rio , conhece a fama de lá. É papo de levar baldinho. Se mergulhei 3 vezes naquele mar foi muito, e num dia de calmaria total. Enfim... gato escaldado tem medo de água fria, né?

Ficamos um tempinho tentando entender o ritmo das ondas. Ví frequenta aquela praia desde criancinha e jurou jamais tê-la visto assim. Não era ressaca, as ondas não quebravam forte, mas, vinham bem perto da faixa de areia.

Decidimos ficar longe do mar, por via das dúvidas.

Como dizia minha avó, porco se cheira e se reconhece, e uns 10 minutos depois nos olhamos sorrindo. As duas queriam beber. Nada demais, afinal, a praia fica há 1 quarteirão da casa da Ví, não existia a lei seca, e estávamos de folga. Certo??? Hehehehe.

Iniciamos uma verdadeira peregrinação ao quiosque da cerva. Ìamos juntas pra trazer as garrafas. Começamos com 2. Na segunda ida, decidímos pegar 4.

A coisa foi crescendo em Progressão Geométrica. Conseguimos um isopor. A ida até o quiosque aumentava nossa sede.

Atrás de nós , tinha uma família peculiar. Um casal de coroas e um carinha que parecia ter seus 25 anos. Bemmm exibido, falava alto e sorria pra nós, como se esperasse um sorriso de resposta.

Simpática que sou, mal olhava pra figura.

Ví, a essa altura se divertia com os comentários do vizinho de barraca.

Eu já estava com o grau etílico acentuado, Ví estava bemmm pior...ela é fraquinha à beça na cerva, portanto, uma hora ia dar merda.

Percebi vagamente que as ondas estavam chegando mais perto. Num dado momento, senti a água do mar nos meus pés. Eu estava muito distante da arrebentação, e , mesmo assim, a onda chegou até mim, deitada de costas para o mar, comecei a me preocupar. Mas, nada demais. Aquela preocupação lenta, praticamente baiana. Uma leseira de pensamentos.

Sou LOUCA por praia. Gosto de curtir cada pedacinho. Olhar o mar, sentir a brisa, o cheirinho da praia, tocar a areia. Autista total quando estou no Reino de Netuno. E nesse dia, havia um sirizinho serelepe passeando pelas areias, o que me manteve entretida por algum tempo ( que eu não sei precisar o quanto).

Ainda assim, achei melhor sentar na cadeira e não dar mole. Lembrei do meu pai dizendo que não se dá as costas para o mar.

Quando me dei conta, Ví estava dispensando o churrasquinho oferecido pelo vizinho de barraca, e eu rindo horrores da situação.

Eis que o siri resolve chegar mais perto e eu decido fotografar o coitadinho. Levantei feliz da vida e fui até ele. Seria uma foto perfeita...

Estava agachada fotografando o siri quando escuto um berro:

- Amigaaaaaaaaaa... a onda!!!!!!!

Só deu tempo de ficar de pé e levantar a máquina.

Uma onda enorme veio e arrastou tudo o que havia pela frente.

Até hoje não sei como consegui me manter de pé e não ser arrastada. Quando olhei para o lado, tudo que nos pertencia passava por mim: Cadeira, canga, havaianas. A velocidade era impressionante.

Cena de filme.

Ví, berrava sem parar (hehehehe) e quando olhei pra ela, ela segurava apenas o isopor das cervejas ( que nesse momento deveria ser a coisa mais importante).

Voltei aos poucos do susto, e ví nossos vizinhos de barraca correndo em minha direção para ajudar a resgatar os pertences. Livro, MP3, Bolsa...tudo havia ido literalmente por água abaixo.

Refeita do susto, tive que explicar a Ví que a cadeira havia sido "dragada" pela onda. Ela questionava o motivo pelo qual eu não fui atrás.

Realmente, com skol fica difícil de entender que o biquini , naquele momento, tinha um valor maior pra mim... rs

Até aqui, Ví se mantinha agarrada ao Isopor das cervejas. Acho que foi uma questão de segurança mesmo.

E eu perguntando a ela porque a escolha do Isopor, se nossas bolsas, cangas e cadeiras estavam mais perto. Até hoje ela diz que só dava pra segurar uma coisa, e que ela escolheu o Isopor. Hehehehe

Estávamos ainda em choque.

O casal de coroas nos chamou para perto deles. Estávamos encharcadas e não daria pra entrar no carro daquele jeito.

Subimos para a calçada carregando alguns poucos pertences que sobraram, e numa cena clássica de farofeiras, esticamos as roupas no guarda sol para secar.

Nosso vizinho aparício, PEDRINHO, se aproximou.

Começou puxar assunto ( o que na verdade ele queria era isso) e a partir daí, até hoje, incluímos em nossos vocabulários as pérolas ouvidas naquele dia.

Pedrinho nos contou que é empresário do ramo do entreterimento (?????), que estava alí para relaxar, afinal sua vida é muito corrida. E que naqueles dias , ele acordava cedão, as 9:00 da manhã. Até aqui eu estava calada. Mas, não consegui mais. Olhei pra cara da Ví e sarcasticamente perguntei:

- As 9?? Cedão??? Realmente... e por que você está acordando tão cedo assim?

A pérola segue...

- Ué... pra encher o freezer de cerveja. Meu tio tem um bar ( Os coroas eram tios dele) , e eu cuido da parte de abastecimento. Logística e tal.

Logística?? Sei... e eu achava que logística era uma coisa mais séria.Tudo bem. Ainda bem que minha ignorância havia sido aplacada aqui.

Pedrinho tinha uma forma engraçada de sorrir com a língua toda pra fora da boca. Na segunda vez, eu e Ví já estávamos rindo como ele... e depois, ríamos mesmo, sem parar das graças que ele fazia.

Cada zoada que eu dava , ele batia palmas com a mão e dizia em bom som:

- Muito BOM!!!! Muito BOM!!!

Pedrinho gostou de nós. Ficou íntimo e decidiu nos contar a vida dele. Disse que após trabalhar no ramo de entreterimento e ficar RICO ( ????) , decidiu largar tudo (????) e partir para o interior de SP. A grana havia subido a cabeça. O sucesso também. Entre seus amigos havia uma lista extensa de EX- BBBs , Jogadores de Futebol, Funkeiros e Pagodeiros. Ele não queria mais isso. Estava farto. Decidiu viver na simplicidade do interior.

Nos disse que sua vida era como a de Jesus Cristo. Aqui foi difícil de aturar.

Falei que gostava da modéstia e simplicidade dele. Afinal, Jesus Cristo foi apenas o filho de Deus. Coisa pouca, né?? O cara foi Julgado, massacrado, morreu por nós...enfm... todo mundo sabe bem de quem eu estou falando.

Ele me disse que havia virado evangélico.

Surpresa!!!

Perguntei de cara qual a igreja, afinal, nessas renovações, deve realmente existir uma que tenha entre seus fiés, um cara que bebe e fuma sem parar. Ele não se lembrava ao certo . Disse que isso não tinha importância. Hehehehe

A conversa seguiu nesse ritmo. Eu zoava o tempo todo, e ele não percebia. Ví não parava de rir um minuto. Sua gargalhada ecoava, e já seguia de palmas e um Muito BOM associado.

Aqui, um detalhe: Ví é bem marrentinha e tem uma frase conhecida entre nós que é a " Fala mas não me encosta". Toda vez que conto algo e cutuco ela, ela reclama. Pedrinho tinha o hábito de dar um " tapinha" nas costas dela , cada vez que saia com uma pérola. Me vinguei por 3 encarnações. Hehehe.

A hora passou rápido, e após recusarmos pela enésima vez o churrasquinho, decidimos partir. Estávamos secas e nossas roupas também. Cariocas e no brilho, combinamos de passar na casa/bar de Pedrinho à noite.

Entramos no carro repetindo as frases de efeito de Pedrinho. Pra fixar na memória. Até hoje, quando a gente quer rir muito, a frase -chave é : Pedrinho amiga!!!

Pai

Meu Pai é um cara diferente .

Acho que na verdade, ele sempre foi um Pai diferente dos demais que conheci.

Sempre foi permissivo conosco. Desde cedo nos deu a oportunidade de escolha. Mostrava o certo e o errado e deixávamos escolher. Desde que isso não nos trouxesse riscos físicos.

Me lembro que ficávamos horas e horas conversando , e ele ouvia atento, as peripécias que eu havia aprontado no dia.

Sempre muito bem humorado, estimulou em mim um lado criativo. Após contar minhas histórias, ele pedia que eu as escrevesse. Dizia que eu tinha bagagem para publicar um livro quando me desse vontade.

Andávamos de cachorrinho pela casa, assistíamos tv juntos, Futebol, Formula 1.

Ele sempre fez questão de me explicar o funcionamento de motores e dizia que isso seria útil algum dia em minha vida. Daí, minha paixão por carros.

Dele herdei a paixão pela leitura. Ele passava parte do domingo lendo o Jornal. E eu ali, do lado, lendo também. O jornal, o gibi, um livro...Qualquer coisa.

Dele também herdei a paixão pela música. A boa música. Bons sambas, Bossa Nova, Frank Sinatra, Blues e Jazz.

Como ele mesmo diz, aperfeiçoei a sagacidade dele. O raciocínio rápido. A boa malandragem.

Meu Pai sempre foi um pai protetor.

Morria de medo que fossemos a cachoeiras, que bebessemos em copos alheios ( até hoje o " Boa Noite Cinderela" é piada entre meus amigos), piscinas, árvores, patins. Hoje , consigo entender por que sou tão medrosa. Fui super protegida. Criada numa bolha de mimos. Talvez, minha maior dificuldade realmente seja lidar com o medo. Culpa do Papai...rs

Mas, ao mesmo tempo, ele despertou em mim meu lado lúdico.

Me ensinou a ser boa com as pessoas.

Bem Humorada e brincalhona.

Me ensinou a ter respeito pelo ser humano independente da função que ele ocupe.

Me ensinou que o simples acúmulo do dinheiro não serve pra nada. E que , gasta-lo com quem amamos sim, faz toda a diferença.

E isso eu não troco por nada.

Me deu a paixão pelo Flamengo.

Me ensinou , apesar da proteção, a ser independente. A conquistar minhas coisas sozinha.

A ter fé, e a acreditar que o Universo realmente conspira a meu favor.

Meu Pai me ensinou a demonstrar amor. Carinho. A não ter vergonha de fazer declarações de amor, a não ter vergonha de gargalhar.

Me ensinou a ser uma pessoa fraterna.

Talvez, dentre todas as coisas que aprendi com ele, a mais evidente na minha vida, tenha sido sorrir.

Quando ele me via de bico, pedia um sorriso.

Depois de ver aquele sorriso de canto de boca, reclamava e dizia que sabia que eu poderia fazer melhor que aquilo. Aí, contava uma piada, fazia cócegas...enfim, até que eu me rendesse num largo e sonoro sorriso.

E ele dizia: Com esse sorriso você conquista o mundo.

E assim foi. Não conquistei o mundo (ainda...hehehe), mas, conquistei o meu mundo.

Obrigada Papai.

Amo você!!!

P.S: Outro dia escrevo sobre meu Avô....

Saudade II

Bem, agora que a TPM passou ( hehehe) posso voltar a falar sobre coisas agradáveis com verdade.

Hoje acordei com saudade.

De amigos distantes que não vejo faz tempo.

De pessoas que passaram pela minha vida de forma rápida , mas, intensa.

De amigos próximos , que vejo sempre, mas, que não sei porque cargas d'agua resolvi sentir falta.

Uma saudadezinha gostosa. Dessas que nos fazem rir ao lembrar de coisas que passamos.

Uma saudade boa.

Sou uma pessoa extremamente carinhosa, chicletinho mesmo... Dessas que sentem falta assim que desligam o tel, ou que saem do carro.

Fico lembrando de cada minutinho vivido, cada gargalhada dada, cada suspiro de cansaço de tanto rir.

Tô com saudade da minha amiga que tá viajando.

Tô com saudade da minha amiga que casou.

Tô com saudade da Lora.

Saudade da Tatá. De passar um tempão fofocando.

Da Tuzi... enfim.

Hoje deu saudade de todo mundo.

Saudade das pessoas que amo e que fazem parte da minha vida.

Como não dá pra matar as saudades de todos, vou matar as saudades do namorado que conquistou meu coração e tá igual Cristo Redentor ocupando todos os espaços....hehehehe

Afinal, hoje é sexta feira... rs